segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Dia 1 – 04.02.06 por Pedro Rodrigues

Antes do programa do dia, fizemos massagens, sempre bacana conhecer o corpo e ampliar contato. E gostosinho, também.

Fizemos a Roda de Equilíbrio, com respiração rítmica, expirando ao descer e aspirando ao subir.

E vice-versa. É bem bacana para concentrar e desenvolve noção de eixo e equilíbrio, importantes para práticas corporais. E colabora na integração do grupo, bastante.

O Bum-Chacalaka, que o Bruno um dia disse que deve fazer só em dia de apresentação. Concordo, e nos primeiros dias de ensaios. Ou quando tá todo mundo mortengo.

Do jogo da Bolinha, desenvolvemos duas cenas, trabalhando passar a bolinha de um ao outro com intenção cênica, sentados dois a uma mesa. Na primeira cena, os atores passavam a bola em um jogo de romance, com diferentes nuances e interações, na segunda, a bola era um objeto precioso em uma cena que girava em torno do interesse dos dois nele. Pudemos perceber claramente a diferença entre uma cena centrada em um objeto físico, e outra em que o objeto era um canalizador para o sentimento abstrato. Em outras palavras, o jogo de sedução pode ser realizado sem a bola, esta serve para ampliar, canalizar, evidenciar o sentimento, a cena de interesse pelo objeto não pode ser realizada sem um.

O jogo da Corrida em câmera lenta não trouxe muitas surpresas. Também não foi executado com tanta técnica, serviu mais como brincadeira cênica, o que é válido, e de um modo preparou para o Pega-Pega, também em CL. Neste criaram-se cenas mesmo, de acordo com as instruções e variações do jogo e suas criações.

O Quem Sou Eu trouxe a questão de ser e agir. Quando agimos, agimos porque somos, mas o que somos mostramos no palco agindo. No jogo, deve-se buscar trabalhar a visualização, imaginação, e ver até que ponto esta nos traz gestos, trejeitos, ações. Não trabalha o mostrar, é muito pobre para isso, não dá nenhum substrato; vai lá e mostra isso – não enfatiza nenhum aspecto, não evidencia nada a ser trabalhado. Vai lá e seja isso, aí tudo bem, mostrar é complexo, cheio de detalhes, ser é simples, é só ser. Deve-se passar o exercício todo concentrado em ser o personagem, pensar, ouvir, ver o que ele vê. A mente entra em campo, mas deve dar passagem ao sentimento. Você pode ter um entendimento racional de porque um cirurgião tem gestos delicados, mas deve se esforçar para sentir a prática cotidiana adentrando seus movimentos mínimos, impregnando suas fibras. Pode pensar que um pescador é bronco e simples, mas deve visualizar seu ambiente, a vida no mar.

Assistir TV foi bem bacana, na maior parte do tempo, se concentraram mesmo em ver algo externo, e em ver o que os outros viam, não em criar cenas entre eles. E até quando estas começaram a surgir, eles estavam focados na visualização. Aqui também treinamos o agir a partir do ser (sentir, visualizar). Já passaram pelo jogo antes, o desenvolvimento cênico – interações entre eles – deu prova de que assimilaram o conceito de visualizar e criar realidade cênica para algo imaginário, de girar a cena em torno desta visualização. Acredito que para iniciar, é muito bom trabalhar com os atores isoladamente, ou sozinhos juntos, em cena – aliás, como diz Viola Spolin quando descreve o exercício. O que ela não discorre é sobre sua evolução cênica.

Até aqui seguimos o programa, apenas com acréscimos no aquecimento. Basicamente jogos, relembrando, voltando ao pique de ensaios. Nenhuma discussão sobre o texto.