quinta-feira, maio 11, 2006

Arte e Apreciação - Teorias, por Bruno

O primeiro módulo se encerrou em um questionamento complexo cuja resposta, no meu ponto de vista, será eternamente imprecisa; mas, que nem por isso, inexistente. Entretanto, considero importante discutirmos algumas teorias e ponderarmos sobre as definições decorrentes do significado da arte como um todo. Ou ao menos da arte com um excludente do todo.

Sem adiantarmos demais, inicio com a pergunta: o que é arte, afinal?

Uma coisa eu assumo como premissa verdadeira: a arte tem que ter um conceito, mesmo que falho, caso contrário seria impossível aplicá-lo sob qualquer pretexto ou em qualquer situação.

“A arte não revela, mas esconde o verdadeiro, porquanto não constitui uma forma de conhecimento nem melhora o homem, mas o corrompe, porque é mentirosa; ela não educa o homem, mas o deseduca, porque se volta para as faculdades irracionais da alma, que constituem as partes inferiores de nós mesmos”. Para Platão, a arte sempre foi um mímesis, uma imitação de realidades sensíveis; das idéias paradigmáticas, se afastando do verdadeiro. Esse entendimento foi recorrente em seus discursos por muito tempo, embora tivesse algumas posições mas favoráveis em relação à música.

Observamos em Aristóteles, já, uma visão mais realista e preocupada ante a apreciação e, subseqüentemente, definição do conceito da arte.

Em tempos modernos, vários filósofos discutiram a busca desse julgamento:

Os causídicos da teoria essencialista defendiam a existência de propriedades essenciais inerentes às obras de cunho artístico. Acreditavam que, se certos objetos pudessem ser definidos como obras de arte, era porque eles possuíam alguma propriedade em comum; propriedade essa essencial às manifestações artísticas. Porém, para tanto, seria necessário que conhecêssemos essas propriedades essenciais, o que foi condenado pela grande maioria dos filósofos modernos. A definição não poderia decorrer do pré-conhecimento de suas características essenciais. Na distinção entre forma e substância e a relação entre elas; a substância jamais se sobrepõe à forma.

Posteriormente, difundiu-se a teoria de compreensão artística com base nas experiências causadas quando da apreciação de uma obra de arte – o que se denominou de teoria estético-psicológica. A definição de arte seria baseada na característica específica dessas experiências. Decorrem dessa posição várias reflexões contrárias, das quais destaco: a impossibilidade do reconhecimento de um sentimento único envolvente sobre todos os apreciadores de uma referida obra de arte; descompasso cultural entre os apreciadores; falha filosófica de definição de ‘apreciadores de arte’ quando ainda não se sabe a definição da arte em sim, etc.

Morris Weitz se destacou com o mais proeminente porta-voz da teoria da indefinibilidade da arte, em uma tentativa de trilhar um caminho diferente de discussão filosófica adotado pelas correntes anteriores. Defendia que a arte não podia ser definida, por uma impossibilidade lógica referente às regras de aplicabilidade do termo ‘obra de arte’. Acreditava que as obras de arte eram definidas de acordo com características semelhantes, mas não pré-estabelecidas. Dessa forma, a definição de arte pode se adaptar. Defende que as teorias anteriores erraram ao tentarem definir o conceito de arte em termos de condições necessárias e suficientes, tratando-a como um conceito fechado. A importância está na forma que conceituamos as obras de arte, e não na arte em si.

A teoria institucional, de George Dickie, manteve o foco nas obras artísticas, definindo-as como artefatos repletos de certos aspectos que as elegeriam como candidatas à apreciação por uma, ou várias pessoas. Dessa forma, qualquer pessoa poderia eleger um artefato ao estatuto de obra de arte. Dessa corrente surge a premissa de que a obra de arte será sempre apreciável, mas não apreciada; daí questiona-se: e o que não é apreciado?

Paralelamente, Goodman vai mais longe no distanciamento das teorias anteriores quanto à definição do conceito de arte em si e explora o conceito relativo ao momento em que a arte existe. Quando há arte? É a teoria simbólica, contraponto as teorias formalistas ou puristas que defendem a importância das propriedades de uma obra artística em contraposição à existência de símbolos. Para Goodman, qualquer objeto pode funcionar como arte, bastando para isso que seja interpretado como símbolo estético, exibindo um ou mais dos seus sintomas. De sua teoria decorrem inúmeras discussões sobre a definição de estética, outro grande conceito atrelado ao estudo filosófico da arte.

As teorias modernas juntam, na sua maioria, entendimentos das teorias institucionalistas e simbólicas, pendendo para a compreensão da arte como a união de objetos criados e que representam, dentro de uma cultura, símbolos de apreciação.

Nossas discussões durante os ensaios levantaram as seguintes questões: existe arte sem público? E o contrário: existiria público sem arte?

A maioria das teorias modernas tem como preceito, como podemos visualizar, a necessidade de apreciação das obras de arte, por membros da sociedade que, com base em preceitos artísticos de cunho moral (já que são mutáveis e informais), alocam um espaço dentro de sua cultura para tal definição; sem entrarmos nos conceitos das teorias do belo e do gosto.

Uma obra, então, jamais exposta à observação dos demais, perde sua característica artística? Acredito que a resposta a essa pergunta depende da definição da estrutura social, como ordenamento cultural. Uma única pessoa pode definir cultura? Mesmo que pessoal? Acredito que sim. Se a definição de obra de arte e, conseqüentemente, da arte em si, é mutável, intrinsecamente atrelada à percepção de certa cultura, em espaço e tempo definidos; uma única pessoa pode criar arte para sua própria e exclusiva satisfação, dentro do seu conceito sócio-cultural; mesmo que isolado. Pode ser arte pra um, mas não arte para o todo.

Arte versus apreciação. Apreciação como espasmo cultural. Cultura sob constante mutação.

Bibliografia na Internet:

- O Belo e a Arte Segundo Platão;
- Disputas Acerca da Arte (Célia Teixeira);
- O que é Arte?(Aires Almeida)



1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

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sábado, novembro 21, 2009 1:10:00 AM  

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