sexta-feira, maio 26, 2006

Conjeturando – Dia 17, por Bruno

Como o Pedro mesmo comentou no último ensaio, provavelmente já tenhamos material suficiente para escrevermos um livro apenas sobre técnicas de bastão. Gosto bastante dos exercícios do estilo qual praticamos nesse dia: de lançamento. Traz uma sensação ótima de atenção que, transposta para as atividades em cena, auxiliam no foco e na concentração. Precisamos estar atentos a cada segundo ao que ocorre ao nosso redor, principalmente aos colegas. Saber, pelos olhares, suas intenções e necessidades. Um estado de alerta constante e uma ampliação de todos os sentidos para que se mantenham preparados para o esperado; e o inevitável. Excelente. Pessoalmente, acredito que errei pouco, e isso evoca um sentimento exacerbado... de preparo, concentração, de sintonia com o espaço e com o grupo. O corpo treina reflexos dos sentidos sobrecarregados, a adrenalina aumenta e cada deslocação de espaço faz com que os músculos se contraiam - aguardando os próximos comandos. Os olhos humanos servem apenas como lentes, que captam toda e qualquer informação - nos maiores detalhes imagináveis - dentro do seu campo de abrangência (visão). É o cérebro quem escolhe quais objetos visualizados serão interpretados por ele e registrados. Essa escolha decorre de imagens pré-registradas e de informações culturais inseridas em cada observador. Uma proposta interessante é tentar ensinar o cérebro a visualizar os outros objetos; a dar atenção e registrar esses símbolos desconhecidos ou ignorados. Uma ampliação de foco, em última análise.
Acredito que esses exercícios auxiliam essa percepção, oferecendo uma quantidade enorme de informações desconexas da realidade tradicional compreendida pelo sistema nervoso.

Já com os personagens do primeiro momento do jejuador (Auge) distribuídos, escolhemos novas imagens para que cada um pudesse construir ou aprimorar os seus. As minhas foram:

- um apresentador de circo com um chapéu e olhar diabólicos;
- um senhor de bigode, em uma imagem de sombras fortes sobre o rosto;
- uma menininha encantada com a neve;
- o homem do casal apaixonado dentro da charrete;

Usei as duas imagens para compor o apresentador em suas fases distintas. Acredito que ele tenha, no mínimo, duas; e que eu vá precisar de muitas outras imagens. Entrando nesse assunto, minha opinião é de que uma cena é composta de várias imagens. Cada uma representa um momento específico no tempo. Dessa forma, e com base nessa forma de construção de personagem, faz-se necessária a utilização de uma quantidade maior de figuras para construir as diversas alterações do personagem durante a cena. Em um momento ele pode estar feliz (uma imagem de alguém feliz) e, em outra, pode estar nervoso (o que pode ser trabalhado com outra imagem). Fica a cargo do ator criar a ligação entre essas imagens.

O personagem do apresentador está tomando forma. Pelo menos, já tenho um direcionamento que gostaria de seguir. Acredito que seja um homem duro consigo mesmo e com os outros. Interessado no dinheiro e nas oportunidades. Bruto, impaciente e extremamente melancólico devido à solidão. O companheirismo com o jejuador, retratado no texto, ainda me intriga. Pode ser um ponto de vista do jejuador, achando que ele podia ate se importar com ele. Ou podia ser um companheirismo latu sensu. Na minha opinião, ele apenas se preocupava com seu maior investimento. Entretanto, enquanto não debatemos e chegamos a uma conclusão sobre esse assunto, gostei das improvisações. Esse lance livre de tentativa e erro é excelente. De exploração despreocupada. O personagem acha o seu texto. Estou curtindo muito isso e, se tiver que votar, voto pro texto da peça surgir dessa forma. Dos próprios personagens.

O apresentador é bruto e impaciente com o jejuador. Quer começar logo pra faturar o quanto antes. Mas, pra platéia, ele se apresenta animado e conquistador. É um vendedor, nada mais. Curti o momento em que eu fui abrir a cortina e parei, mudei completamente o tom de voz, e conversei com o Haruki (jejuador) casualidades. É aqui que vamos mostrar o companheirismo. Portanto, a definição dessa relação é necessária. O fase vendedor precisa ser melhor trabalhado. O olhar é difícil e a falta de falas corretas atrapalha. Ele não pode gaguejar. Não pode errar, pois sabe o que está fazendo e como fazer bem. Os diálogos com o caipira ainda não existem e a relação ficou bem pobre.

Depois entrei como a menininha encantada com o jejuador. Usei a figura da menina com a neve. Gostei das imagens e acho que está no caminho certo. Ela é curiosa e ingênua. Adoro a relação com a Luiza (mãe) e as falas para com o jejuador. O que me incomoda é a postura. Fico curvado e com as pernas dobradas e não sei porque. Talvez pra parecer menor ainda (como uma criança) e pra esconder o físico mais adulto. Mesmo assim, me incomoda. Acho que deveria manter a postura ereta; normal. E trabalhar a partir daí.

Entramos em seguida como casal. A primeira imagem deles apaixonados (na charrete) é boa e funciona. Acredito que estamos no caminho certo. Porém, quando nos deparamos com o jejuador e nasce uma certa curiosidade, acho que a relação dos dois se perde. Fica estranha e não consegui encontrar o sentido na cena. Talvez, eu precise descobrir melhor o que cada um quer fazer (ver o jejuador, apreciá-lo, conversar com ele, demonstra desinteresse, ir embora etc). Novas imagens também ajudariam.

3 Comments:

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domingo, junho 11, 2006 10:21:00 PM  
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terça-feira, julho 04, 2006 11:03:00 AM  
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sexta-feira, julho 21, 2006 4:50:00 AM  

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