quarta-feira, junho 28, 2006

Desembaraçando - Dia 22, por Haruki

Como o ensaio já foi muito bem detalhado pelo Pedro, vou colocar somente minhas impressões com relação ao exercício da corda.

A primeira sensação foi de estranheza. Fazer movimentos livres utilizando a corda não é tão simples quanto parece, na maior parte dos movimentos ela mais atrapalhou do que estimulou ou ajudou. Mas isso foi no começo. Logo nos familiarizamos e então passamos a pensar nas imagens e brincar com a corda. Comecei com a imagem do Tyson, fazia movimentos bruscos e rápidos com a corda, dava puxões, foi interessante, mas não me acrescentou muito.

Então mudei para a imagem do velhinho sentado na cama. E assim que me sentei no braço do sofá e olhei aquela corda imensa e toda embaraçada, uma melancolia apareceu. Como um estalo. Foi muito interessante. E o exercício só melhorou, pois resolvi que iria arrumar aquele emaranhado todo, e então tudo fez sentido pra mim. Foi meio estranho, mas eu tinha a firme convicção de que iria enrolar aquela corda toda, embora ao mesmo tempo essa idéia me desanimasse bastante, visto o tamanho e o fato dela estar toda embaraçada. Mas eu simplesmente não queria parar de enrolar a corda. Não QUERIA, estava realmente com vontade de arrumar tudo aquilo, apesar da Lu me atrapalhando (querendo ajudar, foi perfeito!), e apesar de tudo aquilo não ter fim, já que a corda sempre desenrolava ou caía da minha mão. E isso me desanimava bastante, mas eu sabia que não tinha o que fazer se não começar de novo. Enfim, foi um dos melhores exercícios que fiz, pois por fim achei um ponto para me apoiar, algo em que basear a vontade de jejuar do jejuador, ao mesmo tempo em que achei um ponto para apoiar a melancolia. É definitivamente um ótimo paralelo! Sei que vai me ajudar bastante.

E o Pedro mencionou o gesto do Bruno me entregando a corda. Achei que só eu tivesse reparado pra valer naquele gesto. Foi de uma sutileza, e no entanto foi bem forte pra mim. Ele me entregou a corda falando meio pra baixo, sem me olhar nos olhos, meio sem-jeito. Foi o tom exato que sempre imaginei pra essa cena.

Foi um ótimo ensaio pra mim! E vamos que vamos!