segunda-feira, junho 05, 2006

Encontrando - dia 19, por Haruki

Aos poucos eu começo a ter uma idéia de como é o jejuador nesta primeira fase. Após os dois últimos ensaios (18 e 19), começo a encontrar algo.

O exercício do olhar, no ensaio 18, apesar de eu concordar com o Pedro que deve ser usado para um ajuste mais fino, ajudou de alguma forma a juntar as diferentes imagens que eu havia pego para o Jejuador, pois, consciente ou incoscientemente, querendo variar as possibilidades de se olhar, acabei misturando os olhos fundos de um com o olhar superior de outro, e o olhar vago de um com o olhar satisfeito de outro, e assim por diante. E isso ajudou a derrubar algumas barreiras entre as imagens. O exercício de ação e reação também ajudou neste sentido, com certeza, mas por alguma razão, esta mistura de imagens ficou mais evidente no exercício do olhar (talvez por ser necessária uma maior mistura para criar variações só com o olhar, enquanto que com o corpo podemos ter muitas variações em torno de uma mesma imagem. Quer dizer, na verdade com o olhar também, mas com o corpo muito mais... enfim...).

Começamos o ensaio 19 analisando as figuras escolhidas por cada um, o que elas nos transmitem e que elementos de cada uma delas nós utlizamos. Até agora o meu jejuador se baseou principalmente em 3 figuras, o Louquinho, o Tyson e o Beicinho. Acho que consegui definir o que uso de cada imagem e acredito que finalmente começo a conseguir colocá-los em um único personagem. A postura ereta e o olhar do Louquinho, com a cabeça levemente inclinada pra cima do Tyson estão dando o tom por enquanto. O Beicinho, com sua cara fechada e postura ereta, ajuda na composição nos momentos de meditação. O meu jejuador ainda tem movimentos lentos e longos, acho que isso está impregnado em minha mente. Queria testá-lo com movimentos mais rápidos e curtos, combinando com o olhar fundo e de certa forma... louco...

Passamos para uma improvisação com o dia 1. Acho que ainda estou muito preocupado com a composição do personagem, pois simplesmente não consigo captar a camaradagem entre o Jejuador e o Empersário. Cada vez que entro em cena, estou preocupado com a postura, o olhar, o tônus nas mãos, as falas, e não consigo rodar o filme de anos e anos em companhia daquele ser bigodudo que vai começar a me apresentar. Acho que o sentimento é de gratidão, misturado com um pouco de rancor lá no fundo (pelas fotos mostradas e pelo limite de 40 dias) e uma pitada de admiração (mexer bem sem deixar esfriar, sempre em banho-maria). Ah, e algo que eu queria comentar há algum tempo... sempre que eu entro em cena, existe uma vontade irresistível de tirar um barato da cara do empresário, não por ser o Bruno, mas porque eu acho que o Jejuador sabe no fundo que aquele ar sério é um pouco fachada, e ele não resiste a testá-lo e provocá-lo. Dá vontade de falar coisas do tipo "Deixe-me arrumar esta gravata para você. Está torta." ou "Você já teve melhor gosto para escolher túnicas. Que tal roxo da próxima vez?" ou ainda "Que tal colocarmos algumas luzes estroboscópicas e efeitos de laser na minha jaula?". Enfim, coisas que o provoquem, que o deixem nervoso... este senso de humor surgiu não sei de onde, mas pode dar um ar mais simpático ao jejuador, gosto da idéia dele ter senso de humor... como quando faz uma cara meio assustadora para a namorada e acena lentamente. Pode ser algo natural dele, mas também poderia ser proposital, para dar um pequeno susto nela... e deixá-la mais admirada ainda, claro... ah, esse orgulho...

Ainda há muito trabalho pela frente. Mas tenho me sentido mais confortável com o Jejuador a cada ensaio. Mal posso esperar pelos próximos exercícios de substância, mais imagens, mais improvisos... vou encontrá-lo, ah se vou... e que venha a primeira cena escrita!

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Looks nice! Awesome content. Good job guys.
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sexta-feira, julho 21, 2006 4:50:00 AM  

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